O governador Jaques Wagner (PT) inaugurou ontem a mina de níquel Mirabela, no município de Itagibá, considerada a maior da América Latina descoberta nos últimos dez anos e a terceira maior do mundo a céu aberto. Wagner chegou ao aeroporto de Ipiaú por volta das 9 horas. O empreendimento está localizado no município de Itagibá, a 8 km da sede de Ipiaú, em áreas cujos direitos minerários são da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM).
O projeto de exploração é da empresa Mirabela Mineração do Brasil Ltda. Antes de ir para o local das instalações da Mineração Mirabela, em Itagibá, o governador seguiu direto do aeroporto para o centro de Ipiaú, onde inaugurou a reforma e ampliação do Hospital Municipal do município, com investimentos de quase R$ 1,5 milhão.
A solenidade foi acompanhada por diversos políticos, entre eles o prefeito Deraldino Araújo e a diretora do Hospital Aline. Na oportunidade, o prefeito Deraldino, que é do PMDB, pediu a Wagner a requalificação da Praça Rui Barbosa, o Centro Industrial de Ipiaú e viaturas para a Policia Civil. A inauguração da Mirabela pelo governador Jaques Wagner marca o início da sua produção mineral na região. Wagner chegou às instalações da empresa por volta das 10h30.
A solenidade constou de visita ao mirante da mina a céu aberto, onde está a área da extração de lavra, o mirante onde estão as instalações do moinho para o beneficiamento, a casa de controle das maquinas e o laboratório para a qualidade do concentrado.
O principal momento da solenidade aconteceu em frente ao Escritório Central da empresa, onde foi armado um mini palanque para as autoridades. Além do governador Jaques Wagner, falaram também o prefeito de Itagibá, Gilson Fonseca (PR), e o diretor presidente da Mirabela no Brasil, Sr Bryan Hide. Wagner inicialmente dirigiu palavras de incentivo aos funcionários da empresa mineral, destacou a importância da sua chegada para a economia e o aproveitamento da mão-de-obra da região. “Queria agradecer ao Bryan pela presença de vocês na Bahia. Espero que a excelência da Mirabela seja transportada para outras regiões”, disse Wagner. O governador desejou ainda que a Mirabela sirva de polo referencial para desenvolver a região e destacou a coragem da empresa pelo empreendimento, mesmo enfrentando um período de crise. “Parabéns à Mirabela que, mesmo na crise, continuou apostando e acreditando. Vocês não vão se arrepender. Contem com a mesa do governador”, prometeu.
O diretor presidente da Mirabela no Brasil, Bryan Hide, deu um boné da empresa de presente a Wagner. Com um intérprete, o australiano também destacou a crise e os desafios que teve para levar o projeto adiante e aproveitou para anunciar a sua duplicação. “Agradeço muito a presença do governador por ter reservado este momento para nós na sua agenda com a sua visita”, frisou Hide.
Estavam presentes também na solenidade os secretários estaduais James Correia (Indústria, Comércio e Mineração), Rui Costa (Relações Institucionais), o presidente da CBPM Alexandre Brust, os deputados federais Geraldo Simões, Mário Negromonte e Roberto Britto, os estaduais Euclides Fernandes, Paulo Rangel, Isaac Cunha e Edson Pimenta, os prefeitos Deraldino Araújo (Ipiaú), Gilson Fonseca (Itagibá), Raimundo Oliveira (Ipuarema), Jutahy Costa (Aiquara), além dos prefeitos em exercício de Jequié e Itagi, dos diretores da CBPM, Rafael Avena e Vinícius Almeida, vereadores e diversas personalidades do mundo mineral. Representaram a Mirabela também os diretores Paulo Roberto Oliva e Claudinei Mariano.
O empreendimento Mirabela
A parceria entre a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral - CBPM e a Mirabela Mineração do Brasil Ltda. foi iniciada em 2003 e consolidada ontem com a sua inauguração. O complexo mineiro vai proporcionar um significativo impacto no desenvolvimento socioeconômico e cultural dessa região e de todo o estado da Bahia.
No empreendimento mineiro foram investidos cerca de R$ 900 milhões, devendo-se destacar que todo esse capital de risco foi de origem externa (Canadá e Austrália). O impacto socioeconômico gerou cerca de 2 mil empregos, sendo 450 diretos e 1.550 indiretos, proporcionando uma geração de receita através da Compensação Financeira pela Exploração dos Recursos Minerais (CFEM), em 16 anos, de cerca de R$ 190 milhões, sendo 12% para União, 23% para o estado da Bahia e 65% para o município de Itagibá.
A entrada em operação do empreendimento da Mirabela coroa o trabalho de pesquisa e desenvolvimento mineral que a CBPM realizou na área desde 1988, definindo sua geologia, caracterizando as mineralizações de níquel e delineando a potencialidade econômica de seu aproveitamento.
A divulgação do acervo de dados técnicos da pesquisa realizada pela CBPM serviu de base para atrair as empresas privadas a participarem da concorrência pública, que selecionou a Mirabela Mineração para realizar investimentos de risco em trabalhos de pesquisa, necessários à comprovação das reservas e à definição da viabilidade técnica, econômica e ambiental do projeto.
O empreendimento da Mirabela compreende mina a céu aberto e usina de concentração (britagem, moagem, flotação, espessamento e filtragem), onde serão processados cerca de 6 milhões de toneladas/ano de minério bruto, resultando na produção anual de 207 mil toneladas de concentrado, com 13% de níquel, 4% de cobre e 0,20% de cobalto.
O complexo da Mirabela representará um acréscimo de 30% na produção nacional de níquel, alçando a Bahia à posição de segundo maior produtor do país, já em 2010, representando uma receita bruta anual de vendas da ordem de R$ 640 milhões. Por ser detentora dos direitos minerários da mina, a CBPM receberá 2,51% de royalties da receita sobre o concentrado. Isso fará com que a empresa se torne autossuficiente em investimento a partir de 2011.
Escoamento de toda a produção
A Mirabela já recebeu a licença de operação do projeto e começou a produzir no mês de novembro. A metade da produção anual de concentrado será transportada pelas rodovias BR-330 e BR-101 até o porto de Ilhéus e daí será exportada para a Finlândia, sendo que a outra metade será retirada na mina pela Votorantin e transportada para Fortaleza de Minas, em Minas Gerais.
O projeto vai transformar a região, com impacto nos municípios de Itagibá, Ipiaú, Ubatã, Gongogi, Jitaúna, Barra do Rocha e Ibirataia, possibilitando o surgimento de hotéis, restaurantes, bares e o incremento nas suas atividades sócio-culturais. “Há muita gente retornando de São Paulo, pois agora existe mais oportunidade de trabalho por aqui”, avalia Paulo Oliva. Na implantação, a empresa contratou 3 mil empregados.
Agora, na fase de produção, deverão ser contratadas pelo menos 250 pessoas da região. Com uma extensão de 2 quilômetros e uma profundidade aproximada de 500 metros, a mina tinha uma vida útil inicial prevista para 20 anos. Contudo, com as novas pesquisas, ela poderá chegar a 40 anos. Além da infraestrutura em Itagibá, a Mirabela mantém um escritório em Ipiaú, onde estão armazenados cerca de 200 mil metros de testemunho, com um investimento de U$ 30 milhões. (EM).